Defensoria presta assistência às famílias durante reintegração de posse em São Cristóvão

 

 

Os defensores públicos Raimundo Veiga, Richesmy Libório e a assistente social Maria das Graças conversaram com o líder dos ocupantes, Gilberto

Cerca de 105 famílias que há cinco anos ocupavam um terreno particular localizado no Alto da Bela Vista, Bairro Santa Maria, em São Cristóvão, contaram com a assistência da Defensoria Pública do Estado na manhã desta sexta-feira, 7, durante ação de reintegração de posse. O subdefensor público geral, Raimundo Veiga; a defensora pública Richesmy Libório e a assistente social Maria das Graças participaram das negociações e adotaram providências jurídicas cabíveis.

 

“Estamos aqui para acompanhar a ação para que não haja excessos. A reintegração só pode ser efetivada com toda assistência necessária e um local digno para colocar as famílias. Não é simplesmente retirá-las e deixá-las na rua. Há muitas crianças, idosos e portadores de necessidades especiais que não têm para onde ir. Precisamos saber onde eles vão realocar essas famílias e se a prefeitura vai conceder auxílio moradia, ou seja, prestar toda assistência necessária”, indagou o subdefensor geral, Raimundo Veiga.

 

 

Mães com crianças montaram barricada para sensibilizar os policiais

A defensora pública, Richesmy Libório, tentou impedir a reintegração de posse ao ingressar com medida cautelar, mas foi indeferida pela juíza Juliana Nogueira Galvão Martins, que manteve o mandado judicial. Além disso, os defensores públicos tentaram um acordo com o advogado do proprietário do terreno, mas sem êxito.

 

“A magistrada decidiu manter a reintegração de posse sem apresentar nenhuma solução para as famílias. Não foi dado um novo local para morar, bem como oferecido auxílio moradia, uma atitude que ofende a dignidade humana e fere a Constituição Federal, que estabelece a moradia como um direito básico de todos”, ressaltou Raimundo Veiga.

 

O clima era de revolta e indignação por parte dos ocupantes. Bastante emocionada, Ana Paula de Resende Gomes – que depende de bolsa família e de pouco mais de R$ 30 por dia que o marido ganha com serviços de carroceiro – relatou que não tem para onde ir com o marido e quatro filhas. “Me sinto uma qualquer, desprezada pelo poder público. Não tenho família aqui, somente na Bahia, e não tenho ninguém e nem um lugar para colocar minhas filhas. A justiça é para todos, mas cadê os direitos humanos e os políticos? Na hora que a gente mais precisa eles não estão aqui. Estamos sendo despejados como cachorros. Tenho esperança de que a Defensoria consiga um auxílio moradia”, disse indignada.

 

 

Policial militar tentou negociar a retirada das famílias

Mara Cristiane relatou que está desempregada e não tem para onde ir. “Moro aqui há dois anos com minha mãe que é idosa e um sobrinho. Vou para o meio da rua porque não tenho dinheiro para pagar o aluguel, pois estou desempregada. Meu sentimento é de revolta e tristeza sem o apoio de ninguém. Acredito que a Defensoria ajude a gente com auxílio moradia”, espera.

 

O advogado do proprietário do imóvel, Arnaldo Aguiar, afirmou que a reintegração de posse tem que ser cumprida. “Dra Ercília tomou todas as cautelas possíveis, oficiou todos os órgãos para prestar assistência a essas pessoas. Ingressamos com ação em 2013, mas na verdade não foi cumprida a ordem para que os órgãos públicos viabilizassem abrigo para as pessoas, o que não foi feito até agora. Infelizmente o proprietário está irredutível e não há possibilidade de negociação, vamos manter a reintegração”.

 

Apesar da ausência de alguns órgãos e de um local para abrigar as famílias, a reintegração foi efetivada de forma pacífica. Maioria dos ocupantes ficou com seus pertences fora dos barracos e sem ter para onde ir. “Não sei o que faço agora com minhas quatro filhas que estudam e estão com fome. Infelizmente as pessoas ruins se dão bem, mas o pobre de bem e trabalhador sofre para ter um lar e uma vida digna. Era bom que esses juízes viessem aqui para ver a nossa realidade, pois só assim eles ficariam sensibilizados com a nossa situação e constatarem que o poder público está omisso”, esbravejou Ana Paula.

 

Para o líder do movimento, Gilberto Oliveira, a juíza errou em autorizar a reintegração sem indicar um lugar para onde às famílias pudessem ser transferidas. “Mesmo com todas as dificuldades que esses moradores passam, essa é única opção de moradia que eles têm. Ela deveria ter indicado um local para que as famílias fossem levadas e não ter feito desta forma”, contestou indignado.

 

Por Debora Matos 

 

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